quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Os craques também choram


Os craques também choram

A partida entre Brasil e Argentina ainda nem havia chegado ao fim, mas uma cena chamava a atenção de todos. Falcão estava chorando. A estrela da Seleção acabara de marcar o terceiro gol da equipe, decisivo para garantir os atuais campeões nas semifinais da Copa do Mundo de Futsal da FIFA Tailândia 2012, e não conseguia conter a emoção. "O dia de hoje está entre os dois ou três momentos mais felizes da minha carreira", revela o ala ao FIFA.com após a vitória de 3 a 2 sobre o arquirrival. "Por tudo o que me aconteceu, foi muito especial. Não pude segurar as lágrimas", reconhece.

Razões não faltavam para Falcão deixar as emoções aflorarem. O craque brasileiro chegou à Tailândia, seu quarto e último Mundial, para ser um dos astros do torneio ou até mesmo o maior deles. Após jogar apenas três minutos na estreia contra o Japão, no entanto, o jogador de 35 anos precisou deixar a quadra com uma contusão na panturrilha da perna direita— um infortúnio que, por várias horas, ameaçou abreviar a sua aventura em terras tailandesas.

O panorama sombrio, porém, logo deu lugar a uma corrente de esperança, ao ser constatado que o grau da lesão era menor do que o imaginado e que talvez Falcão estivesse disponível para as semifinais, caso, é claro, o Brasil chegasse até lá. Mas a sua recuperação foi tão rápida que o retorno se deu contra o Panamá pelas oitavas de final, inclusive com direito a gol.

Animado, o craque estava pronto para brilhar no vital duelo contra a Argentina, até que o impensável aconteceu: devido à inflamação de um nervo, Falcão teve uma paralisia facial que, embora não tenha chegado a colocar em risco a sua participação, lhe provocava um óbvio incômodo. Não que isso tenha sido percebido por quem o viu anotar dois dos três gols que colocaram o Brasil mais uma vez entre os quatro melhores do mundo. Impossível não chorar de alegria...

Um clássico, várias lições
A história da partida engrandece ainda mais a estrela de Falcão, o herói que salvou o Brasil na primeira vez que a seleção esteve em desvantagem no marcador durante o torneio - e logo por dois gols. "Não me surpreende que o jogo contra a Argentina tenha sido tão difícil", confessa. "Contra os argentinos nunca há favoritismo. Por termos ganhado dessa maneira em uma Copa do Mundo, esta vitória foi muito especial."

Com a sua canhota mortal, Falcão empatou o clássico dois minutos após o gol de Neto e virou para 3 a 2 no final do primeiro tempo da prorrogação. "Esta vitória nos fortalece para a sequência do torneio, porque todos sabem que somos candidatos ao título e esperam que estejamos na final"avisa o ala, vencedor da Chuteira de Ouro adidas na China Taipei 2004 e no Brasil 2008. "Mas nada é fácil. Por isso digo que o que aconteceu hoje nos dá confiança para chegar à decisão."

Perguntado sobre qual ponto negativo destacaria da atuação brasileira, Falcão não hesitou. "Nenhum. Em um Mundial você enfrenta várias situações, então era normal que um dia começássemos perdendo. Mas, para ser campeão, você tem que aprender a conviver com todas elas. Além de personalidade, esta seleção mostrou um poder ofensivo importante. É isso que fica."

No caminho da sexta final do Brasil em sete edições da Copa do Mundo de Futsal da FIFA está a surpreendente Colômbia, que os tetracampeões mundiais venceram por 5 a 1 na disputa pelo terceiro lugar das eliminatórias sul-americanas, em abril deste ano. "Sinceramente, pensei que a nossa adversária seria a Ucrânia, mas a Colômbia fez por merecer estar nas semifinais", admitiu Falcão. "Os colombianos têm um estilo de jogo mais livre, embora aqui tenham atuado muito na defesa. Analisaremos os vídeos deles, mas apostamos no nosso potencial."

O dia cheio de emoções para Falcão ia chegando ao fim – e o cansaço em seu rosto traduzia bem as dificuldades que havia superado. Ainda assim, foi impossível se conter uma última vez, agora com um largo sorriso ao lembrar dos aplausos recebidos no Ginásio Huamark. "Tenho uma responsabilidade não apenas com o futsal, mas também com o esporte", explica o brasileiro. "Jogo para mim, porém, acima de tudo, para a minha equipe e para o público. Sempre farei o possível para que todos saiam satisfeitos. Mas hoje eu precisava de um dia especial, e foi o que tive. Por isso estou tão feliz."

Fifa.com

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