domingo, 4 de novembro de 2012

Seleção marroquina busca superação


Seleção marroquina busca superação

A crônica esportiva às vezes exagera na linguagem. Uma derrota, por exemplo, pode ser descrita como "tragédia", "surpresa" ou "milagre", mas raramente os eventos da partida justificam o uso desses termos. A história do técnico marroquino Hicham Dguig é uma notável exceção.

Com a voz grave, ele fala em "drama". No entanto, o treinador não se refere ao fato de o Marrocos ter estreado na Copa do Mundo de Futsal da FIFA Tailândia 2012 perdendo do Panamá por 8 a 3, depois de ter aberto uma vantagem de três gols no primeiro tempo. A palavra, aqui, descreve uma tragédia genuína: um acidente de carro sofrido no início de setembro, em que dois jogadores da seleção morreram e o próprio Dguig ficou gravemente ferido.

"Mudou as nossas vidas para sempre", diz o técnico, cujos movimentos ainda se encontram prejudicados pelos ferimentos que sofreu. "Estivemos perto da morte. Para mim e para os outros que estavam lá naquele dia, é um verdadeiro milagre estarmos vivos e podermos sentar, caminhar e ter uma vida normal, sem falar em praticar esporte. Graças a Deus, sobrevivemos. Aqueles dois jogadores, infelizmente não. Um deles era um autêntico pilar da equipe."

Espírito esportivo
Inevitalmente, as consequências físicas e psicológicas do acidente tiveram um peso significativo na preparação dos marroquinos para a Tailândia 2012, e talvez os problemas atravessados expliquem a derrocada da equipe no segundo tempo contra os panamenhos. Contudo, o terrível incidente deixou todos no elenco com um senso de perspectiva quanto à importância de se ganhar ou perder dentro das quatro linhas.

Dguig, por exemplo, prefere fazer uma análise mais ampla. "Precisamos lembrar que participar de uma Copa do Mundo é o sonho de todo técnico ou jogador", diz ele. "O Mundial nos dá a chance de enfrentarmos as melhores equipes, o que vai nos ajudar a melhorar o nível do nosso futsal, e também representa uma imensa oportunidade de fazer amigos e conhecer pessoas do mundo todo. São eventos assim que sintetizam o espírito do esporte."

Embora a seleção marroquina só tenha entrado em quadra uma vez na Tailândia 2012, as esperanças de avançar à segunda fase do torneio são remotas numa chave que conta com dois pesos-pesados da disciplina, Espanha e Irã. Mesmo assim, Dguig voltará para casa feliz se o futsal local se beneficiar do destaque recebido em solo tailandês.

"Os nossos compatriotas estão conscientes da importância desta Copa do Mundo", explica o técnico. "Eles sabem que estamos aqui para colocar o Marrocos no mapa do futsal, e alguns inclusive viajaram à Tailândia para nos apoiar. Os marroquinos já são apaixonados por futebol, e queremos que o futsal também ganhe o coração deles", completa.

"Ouvi dizer que as pessoas no Marrocos estão acompanhando a seleção desde que chegamos a Bangcoc, e para nós é ótimo saber disso", prossegue o treinador. "Para as próximas partidas, pediremos que os jogadores superem a falta de experiência mostrando espírito de luta e determinação. Não queremos desapontar o torcedor."

Ganhando, perdendo ou empatando, as chances de decepcionar a torcida são pequenas. Afinal, Dguig já demonstrou as qualidades que espera dos seus comandados pelo simples fato de estar na Tailândia.

Fifa.com

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