segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Paixão pelo futebol supera deficiências na África

Paixão pelo futebol supera deficiências na África

Realizada em Phokeng, na África do Sul, a Special Olympics Africa Unity Cup reuniu 14 países africanos no último final de semana. O torneio valeu três vagas para a Special Olympics Unity Cup, competição internacional que ocorrerá no Rio de Janeiro em 2013. Mesmo assim, o centro das atenções não foi o futebol em si, mas o sentimento de união e as histórias de superação proporcionadas pelo esporte.

"A limitação que tenho não me torna uma pessoa inferior", disse o namibiano Deon Namiseb, que contou a sua emocionante história de vida aos presentes na cerimônia de abertura. Quando ele nasceu, em 1978, os médicos diagnosticaram deficiências graves e o deixaram literalmente em um canto, para ser esquecido. Ele foi levado para casa por uma tia e, desde então, nunca mais olhou para trás. Como Mensageiro Global Internacional, o namibiano representa hoje milhões de atletas com deficiências e procura despertar o poder do esporte na consciência de todos.

"Tanto o meu presente como o meu futuro são plenos de esperança", destaca Namiseb, que é treinador do projeto Football for Hope da FIFA em Katatura, aproveitando também para elogiar aSpecial Olympics. "É uma paixão, uma grande paixão. As lágrimas correm, cheias de felicidades e de tristezas. Essa organização mudou a minha vida por meio do futebol."

Começar e crescer juntosNa Unity Cup da África do Sul, Namiseb conta que, quando os times entraram para a cerimônia de abertura, todos se puseram de pé juntos. "Pudemos vê-los todos unidos, e o que tornou aquilo possível foi o nosso amor em comum pelo futebol", conta o namibiano. "Ele nos ajudou a unir as nossas belas culturas, o ritmo africano, os cantos e danças. Éramos todos um só. Vir aqui para jogar futebol nos ajudou a aceitarmos uns aos outros, independentemente de qualquer deficiência."

Namiseb disse ser de vital importância conhecer outras culturas, saber de onde se vem e compreender que pessoas com deficiências podem fazer muitas coisas que outras não conseguem. "O importante é a juventude", explica. "É preciso que estes valores nasçam e cresçam conosco, pois assim poderemos mudar a mentalidade das pessoas. Não são as limitações que devem contar, mas sim as qualidades de cada um. Este entendimento nos ajudará a sermos os líderes de amanhã, para espalharmos a palavra da Special Olympics e promovermos a mudança em nossas comunidades. É importante que todos, independentemente de deficiência, sejam tratados da mesma forma, da maneira como merecem ser tratados e como nós gostaríamos de ser tratados."

A competição, ocorrida entre os dias 3 e 6 de outubro, envolveu homens e mulheres, com equipes formadas por sete jogadores. Participaram África do Sul, Tanzânia, Botsuana, Burkina Fasso, Costa do Marfim, Quênia, Malaui, Ilhas Maurício, Namíbia, Nigéria, Senegal, Suazilândia, Uganda e Zâmbia. AÁfrica do Sul se classificou para a final depois de vencer o Quênia nos pênaltis nas semifinais, enquanto a Tanzânia bateu a Costa do Marfim na outra partida. Na decisão, os donos da casa levaram a melhor, derrotando a Tanzânia por 3 a 2, enquanto os marfinenses conquistaram o terceiro lugar ao golearem o Quênia por 4 a 0, garantindo assim, junto com os dois finalistas, vaga no Mundial do Rio de Janeiro em 2013.

Um sentimento duradouroJunto com o futebol, várias iniciativas voltadas à juventude celebraram a Special Olympics, que também já havia feito parte do Festival Footbal For Hope de 2010, e deram continuidade ao legado da fundadora Eunice Kennedy Shiver, que iniciou o movimento em 1968. Nestes 44 anos, a organização cresceu de pouco mais de 100 para 3,7 milhões de atletas filiados, os quais participam o ano inteiro de treinamentos esportivos, competições e outros programas relacionados em cerca de 170 países.

Uma das principais atrações foi a Cúpula da Ativação da Juventude, que teve participação de pessoas com e sem deficiência mental. O tema do evento foi a "Revolução da Dignidade", tendo como foco o respeito e a igualdade de tratamento a todos. Os atletas e os pais tiveram a oportunidade de realizar apresentações, compartilhar experiências e mostrar o que a Special Olympics já fez por eles.

Outro momento importante foi o Desafio de Celebridades da Special Olympics, que permitiu que atletas filiados à organização competissem contra ídolos do futebol e atletas famosos. Fizeram-se presentes nomes como o ex-jogador de futebol Lucas Radebe, a capitã da seleção feminina da África do Sul, Desiree Ellis, e o ex-jogador de basquete Dikembe Mutombo.

A Special Olympics Africa Unity Cup 2012 será sempre lembrada por promover uma oportunidade para os países africanos discutir e procurar atender às necessidades de mais de 20 milhões de pessoas com deficiência intelectual, criando novas oportunidades em áreas como esporte, saúde, educação e liderança. Com metas tão importantes, não chega a ser surpreendente que o futebol não tenha sido o principal destaque do torneio.

Fifa.com

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