terça-feira, 14 de agosto de 2012

Primeira mulher brasileira a apitar uma partida no Mundial Masculino - Renata Leite ... "realização de um sonho"

 A Copa do Mundo de Futsal será em novembro, na Tailândia, mas o Brasil já garantiu seu primeiro destaque no maior torneio de seleções de quadra do planeta. Trata-se da árbitra Renata Leite, que será a primeira mulher brasileira a apitar uma partida no Mundial Masculino. 


Raoni Barbosa/ Especial para CBFS

Renata Leite já está com o passaporte carimbado para a Copa do Mundo na Tailândia



Renata fez parte da equipe de arbitragem da V Taça Brasil Correios de Futsal Sub-17 Feminino 2ª Divisão, realizada em Teresina (PI). Ela arrumou um tempinho entre os jogos e falou um pouco de sua trajetória e da satisfação de apitar na Tailândia. Confira o bate papo.

CBFS -Qual a satisfação de estar na Copa do Mundo na Tailândia?

Renata -É a realização de um sonho. Não da Renata, mas de um departamento de arbitragem. O sonho de uma Confederação que há 12 anos resolveu criar um quadro de arbitragem feminina. O nome desse sonho é Paraguassu Fisher Figueiredo, foi ele que acreditou nas mulheres e hoje estou no Mundial.

CBFS -Tem mais algum obstáculo que possa te impedir de não participar da Copa do Mundo?

Renata -No Mundial os árbitros chegam antes para um curso preparatório, com algumas avaliações, dentre elas os testes físicos. É a única barreira que pode me desqualificar, mas estou tranquila. Eu sei do meu potencial.

CBFS -Você já esperava por essa convocação?

Renata -Para ser bem sincera, não. Eu nem imaginava que pudesse acontecer. Em 2008 nós tivemos a indicação da Gisele na lista dos convocados, só que ela foi como suplente. Se alguém não passasse pelos testes físicos, ela teria a chance de entrar na vaga que ficou em aberto. Para a infelicidade dela todos passaram. Era um mundial em casa, seria bem mais possível uma mulher ser convocada naquela época do que agora. Imaginar que uma mulher seria convocada para ir ao Mundial na Tailândia, realmente eu não esperava. 

CBFS -Quanto tempo de quadra você tem?

Renata -Eu me formei em 1998. São 14 anos trabalhando duro, com muita dedicação à Confederação Brasileira de Futsal (CBFS), e 6 anos fazendo parte do quadro de árbitras da FIFA.

CBFS -Qual a história da Renata?

Renata -A história da Renata é de amor e dedicação ao esporte. Eu sou ex-atleta, joguei futsal, handball, como a maioria das colegas de trabalho. Quando ingressei na universidade, conheci o futsal e me apaixonei. Fui para uma competição em Florianópolis e conheci uma árbitra de Brasília chamada Railda, que me disse que havia a possibilidade de fazer um curso preparatório junto à Federação. Ao retornar, procurei a Federação Paraibana. Eu sou nordestina com muito orgulho. Eles ministraram o curso de arbitragem. Inicialmente eu fiz para aumentar o conhecimento, pensando que quando acabasse minha trajetória de atleta eu pudesse continuar no esporte. Fiz outros cursos e fui me aprimorando. Com 2 anos de formada trabalhei no Mundial Uiversitário e fui conhecendo esse mundo, fui sonhando. No ano de 2001 conheci um árbitro da FIFA e disse: “Trindade um dia esse escudo vai ser meu”, não imagina que fosse no salão, porque na época, no salão, não existia FIFA para a modalidade feminina. Ele riu e disse: “É neguinha, é só trabalhar que você consegue”. Um dia aquilo que na verdade foi uma brincadeira com um colega de trabalho se tornou real. Em 2008 me transferi para São Paulo, tudo em prol do crescimento. Posso resumir que a história da Renata foi um degrauzinho de cada vez. 

CBFS -Pode se dizer que a Renata está no topo?

Renata -Eu gosto sempre de relembrar uma frase do Paraguassu (Fisher, Diretor de Arbitragem da CBFS):, “Eu não estou no topo, porque se eu estiver lá, o único local que eu tenho para ir é ladeira abaixo”, então continuo caminhando para chegar lá em cima, eu quero estar entre as melhores.

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